27 de set. de 2011

Estórias da Carochinha


Sábado (24) levei a minha netinha ao teatro (tenho o privilégio de morar num bairro que tem teatro) para ver João e Maria, que todos vocês conhecem. Se não conhecem, deveriam. Há o que aprender sim, nessas estórias recheadas do que se convencionou chamar de senso comum – a sabedoria popular traduzida em tramas simples e de fácil compreensão.
Digo isto porque ontem (domingo) folheava uma revista quando li a seguinte notícia-crime:
Uma mulher contratou um ex-presidiário para matar outra mulher, sua desafeta. Ao intentar o crime, o homem reconheceu na vítima uma ex-amiga de infância e resolveu poupá-la. Amordaçou-a, encheu-lhe o corpo de ketchup e enfiou-lhe um facão entre o peito e um dos braços, simulando (muito mal) o crime. Tirou foto e levou-a à contratante, que se deu por satisfeita, pagando-lhe 1.000 reais, conforme o combinado. Dias depois a contratante viu-se lograda ao encontrar "algoz" e "vítima" aos abraços e beijos na pracinha do bairro. Não deixou por menos: foi à polícia e deu queixa de roubo! O delegado intimou o "ladrão" e soube de toda a história. Conclusão: os três acabaram indiciados; uma por ameaça de morte, os dois outros por extorsão.
Não pude deixar de relembrar de outra estória: Branca de Neve e os Sete Anões.
Para quem já esqueceu, eu lhes conto um pedaçinho, justo aquele por quase tudo igual ao fato descrito acima. A bruxa-madrasta de Branca de Neve, por inveja de sua beleza, mandou que um serviçal a levasse à floresta e a matasse, trazendo-lhe como prova o coração da princesa. O homem apiedou-se, libertou a princesa e matou um cervo, levando à bruxa o coração do animal.
Descobrindo-se lograda, o que fez a bruxa-madrasta? Foi dar queixa à polícia, ao rei, ao chefe da guarda ou lá a quem quer que fosse? Não. Engoliu o sapo, consultou o espelho mágico para descobrir o paradeiro de Branca e foi pessoalmente tentar dar cabo dela, oferecendo-lhe a maçã envenenada.
Ahhh, já não se fazem mais vilãs como antigamente!
Todo bom vilão ou vilã tem de ter um mínimo de inteligência! Se não tem, dá no que deu.
Para encerrar, um conselho para as três personagens da notícia supra: aproveitem o tempo em que ficarão trancafiadas para ler as estórias de D. Carochinha. E aprendam, panacas, que até no mundo do crime é preciso ter, senão inteligência, um mínimo de ética.

14 de set. de 2011

SONHOS


Falo daqueles que sonhamos dormindo e sobre os quais não temos o menor controle. Eu, por exemplo, já sonhei que namorava a Angélica, aquela loirinha global com pinta na coxa. Já pensou?! Mas acordei ainda nas preliminares...!!! Foi um tempo em que eu sonhava belos sonhos. Digo isto porque ultimamente tenho sonhado coisas ruins, às vezes até pesadelos. O último sonhei-o na madrugada de domingo para segunda (12/09). Foi assim o sonho:
Estava eu ajeitando alguma coisa na casa para onde ia mudar, a mesma para a qual já mudei há uns quatro anos, quando, terminado o serviço, entrei na sala e deparei com um homem trepado numa escada e furando uma parede. Era um profissional, velho conhecido, que chamara para fazer um reparo, mas nem eu sabia da sua presença ali, nem ele da minha. Surpreso, gritei: - Pedro Paulo! O homem assustou-se, desequilibrou-se e estatelou-se no chão, desacordado e sangrando. Apavorei-me. Pedro Paulo! Pedro Paulo! Acorda homem. Vou chamar uma ambulância pra te levar no hospital. Acorda, Pedro Paulo!
O homem acordou meio abobalhado, abraçou-se a mim e nos erguemos abraçados. Em seguida, acordei. Que alívio! Ufa!
O interessante é que esse homem não era Pedro Paulo, mas Zé Roberto, como disse um velho conhecido que não vejo há mais de vinte anos. Por que o chamei várias vezes de Pedro Paulo?
Pela manhã, no café, tentei decifrar o sonho, se é que é possível interpretar sonhos. José do Egito fez isso muito bem, prevendo a seca prolongada, mas contou com a ajuda prestimosa de Deus. Eu só tinha a ajuda de minha mulher.
Bem, Pedro Paulo é o corretor que está vendendo um apartamentinho meu, o que ainda não conseguiu, não por falta de comprador, mas porque o imóvel está ocupado por um inquilino que se demora em desocupá-lo. Roberto é titular da imobiliária que fez a locação e que agora está tentando desocupar o imóvel a meu pedido. Havia uma promessa do locatário em mudar do apartamento no dia 10, mas eu não estava certo, pois outras tantas promessas haviam sido descumpridas. Não pude me comunicar com o Roberto, portanto não sabia o que de fato acontecera. E a tensão foi aumentando...
Para nós, eu e minha mulher, estava claro: a mudança não era senão a do inquilino, desocupando o nosso imóvel, já que o sonho envolvia o Pedro Paulo – corretor – e o Roberto, da imobiliária. E mais: a circunstância onírica de eu me levantar abraçado a Zé Roberto/Pedro Paulo, indicava um final feliz para a estória. Pois.
E afinal, perguntarão vocês, o inquilino mudou-se?
Ainda não. Não pude conversar com o Roberto na segunda-feira, falei com ele na terça. Na quarta (hoje/14) o inquilino tem agenda na Caixa para assinar escritura de compra de um apartamento por ela financiado, negócio que vinha perseguindo há meses. Mais um final de semana para pintura e se muda dia 24, entregando as chaves a 26. Aleluia!
Creio que o meu sonho foi uma espécie de pressentimento ou premonição de fatos vindouros, a confirmar dia 26. Ou não. Mas agora estou confiante.
E por que nos conta tudo isso, Senhor Vô Tônico, estarão intimamente perguntando os caríssimos leitores. Simples, porque não tinha nada melhor para lhes contar. E não me venham pedir que interprete seus sonhos. Estou fora dessa! Cada um é o melhor intérprete para seus sonhos, quer os que se sonham dormindo, quer os que se sonham acordado.
Nessa questão de sonhos que se sonham dormindo, só quero uma coisa: voltar a sonhar com a Angélica pra terminar o que apenas começara quando acordei, se é que vocês me entendem, há! há! há! há!
Perdão, leitores, perdão.

9 de set. de 2011

NÓS NA TV VILA IMPERIAL, DE PETRÓPOLIS

Olá, caríssimos leitores!

Este que vos escreve, Adriana Kairos e outros companheiros diletantes da literatura e da poesia fomos entrevistados por Catarina Maul em seu programa Bem Cultural na TV Vila Imperial, de Petrópolis. Essa TV pode ser acessada aqui por meio da internet no endereço HTTP://www.tvvilaimperial.com.br

O programa será reprisado hoje (09/09) ás 23h30min, amanhã às 12h00min e domingo às 10h00min. Também poderá ser visto em PROGRAMAS GRAVADOS (clicar em Bem Cultural de 08/09/2011), no mesmo endereço. O programa começa com outras entrevistas: a nossa é na segunda parte. Faça esse carinho ao meu ego, que ninguém é de ferro!

Para quem ainda não sabe, saiu outra antologia da qual eu participo: Singular: O país dos invisíveis. Quem se interessar me comunique. Até mais, caríssimos.

4 de set. de 2011

Calopsita, meu amor


Não tenho animais de estimação em casa. A não ser uma ou outra barata e de vez em quando um rato do qual logo dou um jeito de livrar-me, nada de animais. Os últimos que tive resultaram em tragédia e motivação para escrever uma das crônicas mais lidas deste blog: "Crônica de um amor impossível".
Mas não tenho animais de estimação, dizia eu... Não tinha...
Minha mulher (sempre ela) achou uma calopsita perdida na rua, caminhando na calçada, e compadecidamente recolheu-a. É uma calopsita "cara branca", segundo verifiquei na internet. Uma graça, a bichinha. Toda branca com discretas infiltrações sépia-claro no peito, nas costas e por baixo das asas.
Minha primeira preocupação: se estava caminhando na calçada e deixou-se apanhar facilmente, é porque está doente. Mas não parecia que estava. São assim mesmo, extremamente dóceis, as calopsitas, ainda segundo a internet. Colocamo-la numa gaiola que trouxe do Maranhão, não para prender pássaros, mas como peça de artesanato local. Gaiola pequena. As calopsitas são irrequietas, necessitam de espaço para se movimentarem, mas é o que tínhamos de imediato.
Outra preocupação: a ave não comia – eu não a via comer -, apesar de ser adequada a ração que comprei. Desta preocupação me livrei, simplesmente montando um raciocínio digno de um Sherlock Holmes; o papel que forrava a bandeja da gaiola amanheceu sujo de excrementos; logo, se a ave faz um cocozinho é porque está comendo. Elementar, meu caro Watson, elementar... Acho que a caturra (outro nome, mas prefiro calopsita) ainda estava inibida em seu novo lar e por isso comia escondido.
Outra preocupação, esta comigo mesmo, não com a calopsita: resolvi responder aos gritos e assobios da ave, no intuito de animá-la e deixá-la à vontade e sem temor; não consegui assobiar, meus lábios parece que perderam a flexibilidade para fazer o biquinho necessário ao assobio. Que vexame! Mas nada que um treino não resolva.
O pior é que agora ficamos assim, assobiando, eu de cá, ela de lá. Que bobeira! O que a idade não faz, heim?