Perguntei a um amigo professor se ele conseguia ensinar matemática a sua filhinha pequena. Não, confessou. Me irrito, perco a paciência...
Pois eu consigo ensinar matemática a Yasmin, disse-lhe, porque não sou pai, sou avô. As circunstâncias do momento não permitiram que eu desenvolvesse o que acabara de afirmar, o que pretendo fazer agora.
Também me irritava e perdia a paciência quando "ensinava" matemática a meus filhos pequenos. A responsabilidade de pai, a ansiedade perante a educação dos filhos, a pouca experiência, não me deixavam enxergar o que agora, como avô, me parece óbvio: ninguém ensina matemática a crianças pequenas.
O que fazemos – pais e professores da escola fundamental – é adestrar a criança nos conteúdos e procedimentos da matemática; adestrar como se adestra um cachorrinho, pela repetição, até a criança "aprender". Talvez com o cachorrinho seja até mais fácil, pois o adestramento, em geral, envolve uma recompensa, um biscoito, por exemplo, quando o adestrando obtém sucesso. Para a criança sobra, quase sempre (no caso de pais), irritação e impaciência, suspensão do lazer, castigo, etc.
Há que ter muita paciência no adestramento de crianças pequenas em relação à matemática.
Matemática é pura abstração, é pensamento lógico. Na idade mais tenra (talvez os três primeiros anos da escola básica) a criança ainda não tem essas ferramentas, portanto não aprende, apenas decora pela constante repetição. "Aprende" num dia, mas no seguinte já esqueceu. E haja paciência!
O ideal seria ensinar matemática apenas quando a criança estivesse mentalmente apta para tal. Mas como convencer matemáticos e autoridades educacionais numa sociedade industrial e tecnológica, altamente dependente das ciências exatas? Não tem jeito!
Portanto, continuemos a massacrar nossos pequenos com a matemática, até que eles alcancem a maturidade mental adequada para aprender realmente.
Ao alcançarem essa maturidade, muitos já estarão odiando a Matemática.
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