Feriado de reveillon. Vontade de lanchar, fui a uma lanchonete na rodoviária e pedi um copo de café com leite e um pedaço de bolo de cenoura. Era o que havia de mais saudável ou menos perigoso.
Estava ali uma mulher com três crianças, ao redor do balcão, aguardando não sei o quê. Acostumado com essas situações em que somos solicitados a colaborar com alguma coisa, comida ou um dinheirinho para completar passagens, e tendo crianças como apelo incontornável, acomodei-me discretamente em bancada na lateral da lanchonete, comendo o meu bolo de cenoura e bebendo o meu café com leite.
Só então comecei a reparar deveras, à sorrelfa, naquelas criaturas. Tanto a mulher quanto as crianças trajavam modestamente, mas com asseio e dignidade. Não me pareceu que as crianças passassem necessidades, muito pelo contrário, as três tinham carinhas de barriga cheia. E uma delas, menina, até sorria e parecia feliz.
Estavam ali com a mãe, estavam viajando, e ali na lanchonete esperavam pelo farnel de viagem, já encomendado e pago. A balconista veio com uma sacola e entregou-a ao menino mais velho, já com jeitinho de homem, e se foram os quatro rumo às bagagens na plataforma. Boa viagem, queridos desconhecidos!
E soube-me bem aquele café com leite e bolo de cenoura!
2 comentários:
Já vivenciei situações assim, em que pensei que teria que colaborar de alguma maneira e acabei sendo presenteada com uma cena, uma lição, um sorriso. No seu caso, ganhou-se a crônica!
Abraço!
Por vezes, observando ao longe, consegue-se ter uma perspectiva diferente dos outros. E se conseguiu vislumbrar um pouco da felicidade deles, e ser contagiado por isso, é muito bom. Como deve ter sabido melhor, o café com leite e bolo de cenoura :)
Boa semana!
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