1 de ago. de 2013

Minas de Jussara



Minas de mim
Autora: Jussara Neves Rezende

“Doutora em literatura por amor aos livros mesmo antes de saber ler; pesquisadora para ir além da escrita e escritora para reinventar a vida”.




Minas de mim

Me desço e me subo
ladeira que eu sou,
me dispo, me busco,
mineira – eu vou.





Descubro histórias
de minas de mim.
Minérios,  explosivos
segredos me fazem assim.





De altos e baixos,
de sim e de não,
sou toda relevos
e casarões.


Jussara é uma das coisas boas que me aconteceram na Internet. Não fui eu quem a descobriu, mas ela é que descobriu a mim: um dia (07/01/2013) acessei o Vô Tônico e lá estava a carinha dela no Google Friend Connect e comentários na minha crônica “O início da idade da razão”. Daí em diante passamos a nos visitar virtualmente, eu no seu maravilhoso blog, o “Minas de mim”, trocamos livros e alguns e-mails. Sem que eu pedisse ou sequer insinuasse, Jussara produziu uma resenha do meu “Cacos da memória” que me deixou de queixo caído*.
Além da poesia, descobri em seus versos uma pessoa profundamente humana e sensível. Agora ofereço a vocês uma pequena amostra do talento poético de Jussara, nestes três poemas, ou "minas", publicados no seu livro “Minas de mim”. Encantem-se como eu me encantei.


Romantismo

Para os românticos, se a dor era tanta,
viravam lágrimas estrelas do céu,
bosques gemiam nas noites de lua,
cascatas e soluços sinônimos eram.

Para mim, que não sou romântica,
tudo tem sua exata dimensão:
cascatas, bosques e estrelas
não são senão o que são.

Por isso, se a dor minha é muita,
mergulho fundo no fundo de mim:
não há paisagem que melhor entenda
as mágoas dos sonhos que me fizeram assim.

E assim vou levando a minha dor,
romântica, sem dúvida, a seu modo.
Pobre dor romântica que não encontra
nem uma estrela disposta a chorar!…


Perdidos dias

Desmaiam os dias, malbaratados
que são por destroçados gestos,
por palavras vacilantes, abissais,
insuficientes como a própria vida.

Inexoràvel é o tempo que os consome
pondo rachaduras nas paredes,
nas faces e nos corações dos homens,
dissipando qualquer esperança.

Nada deixam se não deixam ternura
e as horas inutilmente alongam-se
se é imensurável a solidão e o desalento.

Esta a grande insensatez do tempo:
dispersa os momentos mais felizes,
faz longos demais os que não se quer viver…


Veja aqui mais minas de Jussara


*http://minasdemim.blogspot.com.br/2013/05/cacos-da-memoria-de-joao-antonio.html

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Me faça esse carinho

7 comentários:

Jussara Neves Rezende disse...

João Antônio,
estou de saída pra uma pequena viagem. Entrei por um segundo na internet apenas para xeretar alguma notícia importante (pois estarei sem conexão até segunda) e eis que descubro a melhor: na página lateral do meu blog, na relação de blogs que leio, a capa do meu Minas de mim! Surpresa boa! Vc havia dito que falaria sobre a minha poesia, mas eu não podia imaginar quando; além disso, o carinho com que o fez superou minhas expectativas. Estou aqui com um riso parado no rosto enquanto escrevo :)
Muito obrigada pelo carinho e pela bela escolha de poemas para figurarem aqui: o "Minas de mim", para explicar o título do livro e do meu blog, e os outros dois, muito queridos meus. Alegra-me que a minha poesia tenha lhe alcançado do modo que tem que ser, para além da leitura!
Obrigada pela amizade e pela companhia ;)
Abraço e úm ótimo fds!

Jeito Mineiro de Ser disse...

Comungo, com você, a admiração pela Jussara!
Obrigada por este petisco literário!
Um abraço!
Egléa

Regina disse...

João

Que linda homenagem prestaste pra Jussara.

Ela é ótima, adorei as poesias, e gosto muito da

pessoa que ela é, mesmo sem conhecê-la pessoalmente

um beijo

Regina Célia

Toninho disse...

Muito linda homenagem com algumas das maravilhas de uma poetisa das Gerais.
Gostei do li e aguçou minha vontade de ler o livro.
Parabens pela postagem carinhosa.
Abraços.

Jussara Neves Rezende disse...

Minha mãe leu o "Cacos da Memória" na semana passada. Gostou demais! Pediu que lhe dissesse que vc a inspirou a escrever as memórias dela... e vai abri-las com uma referência aos "Cacos"... ;)
Abraço!

Joao Antonio Ventura disse...

Jussara, fico feliz por ter inspirado sua mãe e por ela ter gostado do "Cacos". Diga-lhe que desde já fico esperando por suas memórias, e dê-lhe um abraço por mim. Abraços.

Joao Antonio Ventura disse...

Jussara, fico feliz por ter inspirado sua mãe e por ela ter gostado do "Cacos". Diga-lhe que desde já fico esperando por suas memórias, e dê-lhe um abraço por mim. Abraços.

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