3 de jul. de 2010

Para não dizer que não falei de Copa


Dançamos...
Quando era moço ficava muito chateado com as derrotas da nossa seleção nos gramados do mundo. Agora, na maturidade, já não me permito aporrinhações do tipo.
Gosto de ver uma boa partida de futebol, os passes precisos, os dribles desconcertantes, os chutes certeiros (mesmo os que dão na trave), as roubadas de bola (sem violência) e as defesas espetaculares do goleiro. E a bola rolando ou voando, descrevendo curvas e enganando atacantes e defensores. É um espetáculo fantástico e envolvente! Mas não entendo de técnicas e táticas, formações e escalações; não ao ponto de tecer comentários sobre os acontecimentos na África do Sul.
Para nós, a Copa de 2010 já era. Precisamos pensar na de 2014.
Mal comparando, o Dunga é aquele pai ainda moço e sem experiência que pretende educar os filhos evitando erros observados no passado; e aí vem com teorias e princípios, quase sempre exagerados ou radicais, e os aplica sem o equilíbrio necessário, equilíbrio esse que nem a idade nem a experiência lhe permitem ter. Não poucos pais que tiveram esta atitude perceberam mais tarde o erro cometido. Com o dunga não foi diferente.
O Parreira me parece o tio culto, experiente e equilibrado, que, apesar de responsável, não se sente na obrigação de educar os sobrinhos. O resultado pode ser o da Copa de 2006, que o Dunga tentou evitar e exagerou na dose.
O perfil do Maradona, que vimos nesta Copa, também não serve. Ele não é paizão nem tiozão, muito pelo contrário, é o grande astro, companheiro e bonachão, afetuoso com os seus liderados, mas eventualmente passional: veta os desafetos e só entra no grupo quem ele gosta. Não pode ser um bom técnico.
Precisamos para 2014 de um técnico experiente e equilibrado, mestre no seu ofício, disciplinador, mas não impositivo e rabugento, que saiba criar um ambiente afetuoso e responsável entre os atletas e comissão técnica. Precisamos de um avozão, daqueles que não "estragam os netos" permitindo-lhes todas as vontades, mas que também não os apoquente com exigências descabidas ou desnecessárias.
Esse avozão existe: queremos Felipão em 2014!

3 de julho de 2010

1 comentários:

Rodrigo Ventura disse...

Bela observação, tio.
Não tinha pensado neles dessa forma...
Bom texto!

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