20 de jan. de 2011

Nada além de cinco minutos


O homem falava sério, com ares de expert e atitude de quem ia revelar um grande segredo ou conhecimento relevante, restrito aos poucos que acumularam sabedoria ao longo da vida:
- Aprendi com meu pai e vou ensinar pra você. Preste atenção, não vou repetir. É o seguinte: não converse com uma mulher por mais de cinco minutos; nesse tempo você tem que conquistá-la ou derrubar na cama. Se não conseguir em cinco minutos, desista. Se continuar conversando, vira coleguinha. E coleguinha de mulher é viado!
Putaqueopariu! Preconceito machista maior não pode haver!
Alerto, porém, que não estou generalizando; não é a visão do subúrbio, mas a de um suburbano anônimo, em suas próprias palavras, entreouvidas à porta de um botequim.
Mas se o preconceito e o machismo podem chegar a tanto – e com a convicção de sabedoria -, não é de estranhar que as mulheres e os homossexuais sejam, frequentemente, vítimas de violência e discriminações variadas.

 
OBS: Esta crônica foi publicada originalmente no fanzine Visão Suburbana, edição de dezembro de 2010.

 

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