Barroquismo
Uma música barroca
mistura a minha indecisão
à do outono.
Dividida
pelos anseios da minha alma
e da minha carne
também sou barroca.
Meio anjo bom,
meio mau,
olho a noite,
incerta.
A própria mornidão do outono,
nem frio nem calor – barroca.
O século de Matos se esparrama
inteiro
- barro e sopro -
sobre a noite…
Metade de mim
quer fugir.
Astrolábio
Quem medirá a distância exata
entre as estrelas,
entre a flor e o perfume,
entre o pensamento e a palavra,
a palavra e o gesto,
o gesto e o olhar?
Quem poderá medir a distância
entre o olhar e o desejo,
o desejo e o sonho,
o sonho e a loucura,
a loucura e a paixão,
a paixão e a vida?
Quem poderá,
ao medir o caminho de Sírius,
dizer não ou dizer sim
e ter certeza?
COMENTE
Me faça esse carinho
3 comentários:
Oi, João Antônio,
fiquei feliz com a notícia de mais uma publicação aqui e curiosa para saber quais os poemas vc havia escolhido... rs. Gosto muito dos dois, ambos marcados pela dúvida - meu eterno motivo de poesia!
Obrigada!
Abraço da
Jussara
Foi por isso que os escolhi, por serem parceiros na dúvida, a grande angústia barroca. Também por isso (não só) eu disse que você é profundamente humana. Abraços.
Obrigada pela visita, João! Que seu Natal seja também muito feliz, sem espaço entre o que sonha e a realidade!
Postar um comentário