No último domingo (10/11) visitei a minha irmã caçula, a Nei. Almoçamos filé de Congro ao molho de camarão, muito bem preparado pelo “chef” Bill dos Santos, meu cunhado. Presentes também D. Morena, mãe do chef, e minha sobrinha Flávia, a diagramadora de “Cacos da memória” e agora de “Galo, galinha e pinto e outras histórias”, meu livrinho infantil em gestação.
Uma das finalidades da visita era justamente levar à minha sobrinha as ilustrações do livro e conversar sobre detalhes do trabalho a ser feito.
Mas como, senhor Vô Tônico? Neste mundo tecnológico o senhor ainda realiza trabalhos de estafeta, entregando pessoalmente o que pode ser entregue virtualmente?
Confesso que sou um tanto defasado, mas garanto a vocês que nada pode substituir o contato direto entre pessoas, nem a internet poderia proporcionar-me o domingo que tive. É claro que o texto do livro já havia seguido por e-mail, procedimento que não foi possível com as ilustrações, pois anda meio desarranjada a função scanner da minha impressora. A solução foi ir pessoalmente. E foi muito bom. O almoço e o que veio depois.
À tardinha fomos bater perna e tomar um café no Shopping Carioca, ali pertinho.
Malabares e pernas-de-pau |
Fanfarra e bicicleta-de-uma-roda-só |
Havia festa no Shopping. Uma trupe de saltimbancos fantasiados de duendes percorria os corredores anunciando a próxima chegada de Papai Noel. Malabares, bicicleta-de-uma-roda-só, pernas-de-pau ou andolas, como se dizia na minha infância. E uma fanfarra de palhaços-duendes, uma bandinha semelhante àquelas dos pequenos circos da minha adolescência. Crianças, adultos e velhos seguiam a trupe. E enchi-me de lembranças e marejaram-se-me os olhos. Do fundo da minha memória vieram os circos, os palhaços, os mágicos e a menininha que andava na corda bamba, da qual comprei um retratinho que não guardei. E mais do fundo vieram o arraial da Senhora do Socorro e o Zé Pereira com sua música simples, gaita-de-fole e bumbo, ele e sua mulher. Música que encantava a minha alma de menino e me arrastou pelo arraial até que me descobrisse perdido! Música que não estava ali, no Shopping, mas em mim.
D. Morena em primeiro plano |
Minha careca |
E novamente me descobri menino, seguindo aquela fanfarra, aquela gente, aquela alegria…
Porém desta vez não me perdi. O shopping não é tão grande que possa perder alguém, e a minha irmã Nei me vigiava, ciente do que se passava comigo. Rimos muito nós dois, cúmplices no mesmo sentimento nostálgico e pueril.
Ah! como estou ficando boboca!
Mas como foi bom!
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Me faça esse carinho
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6 comentários:
Prezado Amigo,
Dentre as muitas qualidades que ressalto em você é a incrível capacidade, muito naturalmente, de identificar o essencial. O simples, como a maioria das coisas que nos sustentam durante nossas vidas e nos passam desapercebidas, é lugar onde teremos muita alegria e até alguma felicidade. A familia Ventura e todos que tem o prazer de compartilhar contigo o mesmo momento dessa existência, sentem-se honrados com a tua imprescindível presença.
ROBSON MACEDO
Obrigado, Robson, pelas palavras carinhosas. Fico feliz com a sua presença no Vô Tônico. Abraços.
Me emociono cada vez que leio algo seu...
Palavras simples, vivas e que nos envolvem de tal forma que é difícil explicar...
Simplesmente deliciosas de ler.
Forte Abraço!
Luana Costa.
Que bom, Luana, que a minha emoção vai além de mim e toca as pessoas; que bom que não se é boboca à toa. Abraços, querida.
Foi tão feliz o domingo que essa alegria não coube apenas nele e se esparramou, através do seu texto, noutros dias. Linda a consciência de que a música/memória estava em vc mesmo!
Abraço!
Parece que a consciência dessa e de outras coisas só fica clara quando envelhecemos, ou ficamos bobocas. Grande abraço, Jussara.
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