José é natural de Minas, mas foi criado em Natal, onde diz ter assentado praça no Exército Brasileiro, na década de 1960, exercendo o ofício de barbeiro. Fez curso de paraquedista, mas não o concluiu, pois por três vezes o avião da Aeronáutica escangalhou. Também fez incursões pela Marinha… José fala muito desse passado militar, com entusiasmo e orgulho, conta histórias e lembra nomes de superiores e companheiros, até do seu n° de identificação, ensaia passos de ordem unida e bate continência; tudo em linguagem vivaz, apressada e escorregadia, que ao fim é difícil saber onde acaba a luz e começa o farol. O certo é que José foi e é um grande oficial barbeiro, a ponto de o ofício se incorporar ao nome.
Deu baixa do exército e voltou a Minas, de onde partiu para o interior do país. Chegou ao Pará, parou. Em Redenção. Montou salão de barbeiro e trabalhou, trabalhou. E casou. E no seu ofício conheceu os grandes do lugar.
Em demarcação de limites entre fazendas da região sobrou uma “cunha” de terra que não interessava aos donos, nem lhes fazia falta. Deram essa nesga de terra ao José Barbeiro.
José partiu para o seu “latifúndio” e começou a investir. Nessa região a terra já era muito valorizada e José vendeu-a por bom dinheiro, foi mais além, onde havia terras baratas, e comprou várias dezenas de alqueires, mais tarde acrescentados de outros tantos, e depois mais tantos… É a Camaçari de hoje.
- E tudo com o meu trabalho, diz José, orgulhoso. – Não é posse, não é invasão, não é grilo. Tudo comprado com papel passado e pago com o meu dinheiro, com o meu trabalho. E não quero sair daqui. Não quero Belém, não quero nenhuma capital. O meu lugar é aqui. Só quero poder me comunicar com qualquer lugar e a qualquer hora, quero a luz elétrica pra mecanizar a ordenha e aumentar a produção, quero...
Aleluia, José Barbeiro!
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Me faça esse carinho
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2 comentários:
Que figura interessante, não é mesmo?
Daria um personagem de romance... Na Camaçari tem outros, aguarde.
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